DA MADEIRA, DAS MÃOS E DAS ALFAIAS

DA MADEIRA, DAS MÃOS E DAS ALFAIAS

Tudo começou quando a filha andava na escola. Américo recorda com alegria os tempos em que a filha andava no 7.º, 8.º ano e a professora, para um trabalho, pediu para falarem com os pais ou avós e realizarem, em conjunto, uma ferramenta agrícola em miniatura, para representar o primeiro setor e as questões relacionadas com agricultura.

O Sr. Américo, não tardou e fez uma enxada e um ancinho. Diz-nos com muita alegria: “Foram as ferramentas mais bonitas que lá apareceram! Na escola toda a gente ficou surpreendida com tamanha delicadeza e beleza das peças”. A professora da filha, e todos aqueles que o acompanham mais de perto, incentivaram-no a fazer mais e daí nasceu o seu entusiasmo para continuar a dar vida àquilo ao qual resiste em chamar de dom. Conta-nos entre sorrisos que “se não fosse a ideia da professora, se calhar hoje não fazia nada disto. Foi há 28 anos e fiz na altura 20 peças”. Naquele tempo, com a sua profissão a tempo inteiro, não conseguiu dar continuidade.

Foi quando se reformou, em novembro de 2018, que voltou a olhar para este ofício novamente, mas sempre como um passatempo.

De um passatempo passou a ser um trabalho a tempo inteiro, que muitas vezes se torna bastante desgastante para alguém cujo perfecionismo não lhe permite avançar sem ter a peça em mãos perfeita. Antes da pandemia chegou a vender cerca de 20 conjuntos representativos de miniaturas de alfaias em madeira, depois de muitas encomendas pela época do Natal. “Foi uma loucura”, diz-nos.

Ser artesão a tempo inteiro nunca esteve nos seus planos e, por forma a gerir melhor o seu tempo e a aproveitar o tempo que dedica a cada peça, neste momento, só aceita encomendas.

Nesta aventura já criou mais de 750 peças. Diz-nos que não aprendeu com ninguém e foi com aquele convite da professora que descobriu algo que já nascera consigo.

Com um olhar minucioso e o rigor nas suas mãos, o Sr. Américo imprime em cada peça a exigência com que vive a vida e nada o deixa mais feliz que o sorriso de quem recebe uma das suas miniaturas e revive tempos aos quais não regressamos.

Bem-haja, Sr. Américo, por manter viva as raízes de um povo que nasceu entre campos de cultivo e alfaias agrícolas.



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