AS TECEDEIRAS DO LINHO DE CALDE – DA TERRA AO TEAR

AS TECEDEIRAS DO LINHO DE CALDE – DA TERRA AO TEAR

Engrácia Casal sempre trabalhou o linho e também na agricultura.

O linho foi desde que começou a pegar no fuso. Recorda-se de, pequenina, estar envolta em linhas e teares e de observar as suas ancestrais, dia após dia, numa dedicação incansável ao cultivo do linho. Desde que se lembra, Engrácia Casal trabalha no linho e conta-nos com nostalgia e carinho os tempos em que a mãe estava na roca a fiar enquanto a amamentava e as arestas lhe escorriam pela cara à baixo, mas, como nos diz, “eu não me importava”.

A sua avó paterna era tecedeira e as filhas também e assim aprendeu a tecer no tear da avó, numa vida sempre dedicada ao linho, ao campo e à agricultura. Também a neta da Sr.ª Engrácia fia e tece e também pertence ao grupo etnográfico, mas não tem muito tempo, porque tem o seu trabalho e “uma pessoa não vive disto, não dá”.

A senhora Engrácia não gosta de estar parada e não vive só entre o linho e os teares. É uma das guardiãs do saber por detrás das broas de Calde e conta-nos com orgulho: “eu sou um bicho escaravelho, inclusive a broa que foi vendida nas Cavalhadas de Vildemoinhos fui eu que as fiz! Foram 3 dias a cozer pão. Fiz 161 broas!”

Por sua vez, a Senhora Estrela Maurício é tecedeira há 20 e poucos anos e aprendeu o que sabe numa formação, desde a sementeira do linho até ao tear e foi a partir daí que se iniciou na arte da tecelagem e onde acabou por conhecer a filha da senhora Engrácia.

Até chegar ao produto final é um longo caminho, desde lavrar a terra, semear e até chegar ao tear. É um trabalho diário durante o ano.

Têm uma cooperativa formada por 5 pessoas, manter viva a alma desta arte secular. Nesta cooperativa assumem todo o processo de produção, desde a sementeira do linho até ao tear. Através da cooperativa, aceitam encomendas e produzem peças para venda no Museu do Linho.

Anexo 45 – Imagens Artigo 14

Tanto a Sra. Engrácia como a Sra. Estrela fazem isto pela tradição, para não deixar morrer parte da nossa cultura, porque, na verdade, todo o trabalho do linho é muito exigente como nos confessa Engrácia: “isto dá muito trabalho e a maioria das pessoas acham isto muito caro, não valorizam todo o processo até à compra das peças”.

Engrácia e Estrela têm a pele enrijecida pelo sol e as mãos gretadas pela exigência da terra, mas é na terra que encontram e reavivam as suas memórias. É lá que cantam enquanto amanham o linho e o separam da linhaça e desta forma dedicada e alegre mantém viva uma das tradições mais antigas do nosso país.



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