AS CAVALHADAS DE VILDEMOINHOS – A “QUESTÃO”, A PROMESSA E A TRADIÇÃO

AS CAVALHADAS DE VILDEMOINHOS – A “QUESTÃO”, A PROMESSA E A TRADIÇÃO

A tradição é algo que nós carregamos, é algo que nós transportamos, mas acima de tudo, é nossa obrigação fazê-la transportar para os nossos filhos para que eles assim o façam pelos filhos deles.

Carla Abibe – Tricanas de Vildemoínhos e Cavalhadas de Vildemoinhos

A Associação das Cavalhadas de Vildemoínhos, é a guardiã de uma tradição que tem 371 anos, uma tradição que muito orgulha os habitantes de Vildemoínhos e da freguesia, e que todos os anos atrai e envolve milhares e milhares de pessoas de Viseu, da região e do país.

Reza a história, narrada pela voz do Presidente da Assembleia Geral da Associação das Cavalhadas de Vildemoinhos, Carlos Peres, que em 1652 houve uma grande seca e, por isso, as águas que alimentavam os moinhos de Vildemoinhos eram escassas. A montante, os agricultores também precisavam de água e por isso construíram represas, impedindo o normal curso da água do rio Pavia. Em Vildemoinhos, os moleiros, insatisfeitos porque não podiam moer farinha, e os padeiros, que não podiam produzir a broa. A contenda entre os moleiros e padeiros de Vildemoinhos e os agricultores de Viseu foi tumultuosa e violenta, com os primeiros a subir o rio e a destruir os açudes. Mas a “Questão” só viria a ser decidida na capital do reino, tendo os moleiros e os padeiros de Vildemoinhos prometido a S. João Batista que caso saíssem vencedores iriam em romaria todos os anos, a 24 de julho, agradecer ao padroeiro. E em 1652 assim foi, após decisão favorável aos moleiros e aos padeiros na contenda com os agricultores de Viseu.

No dia de S. João, em 1652, o povo de Vildemoinhos cumpre a sua promessa e segue em romaria a S. João da Carreira, naquelas que seriam as primeiras Cavalhadas! Nestes tempos o povo atravessou a cidade de Viseu a pé, com cavalos e com carroças e foram fazer o primeiro pagamento da promessa a S. João da Carreira. Do 1.º ao 371.º, a tradição perdura.

Conta-nos o Presidente da Direção das Cavalhadas de Vildemoinhos, Acácio Costa: “As Cavalhadas de Vildemoinhos são o segundo evento na cidade de Viseu com maior destaque. O primeiro é a Feira de S. Mateus e a seguir são as Cavalhadas”. É com orgulho e entrega que o Presidente, Acácio Costa, abraça as Cavalhadas de Vildemoinhos e as vê num cortejo belo e animado dar vida e relembrar a nossa história pelas ruas de Viseu.

Um evento que traz à Cidade de Viseu dezenas de milhar de pessoas, num desfile que ilustra e evidencia os saberes e as tradições da nossa terra e das nossas gentes.

Todos os anos o cortejo começa a ser preparado em setembro. “De ano a ano tentamos fazer sempre o melhor”, diz-nos Acácio Costa, num sentir único e muito expressivo. “As nossas Cavalhadas não se explicam. Sentem-se.” E é com este mesmo espírito e sentimento que centenas de pessoas trabalham todos os anos durante meses a fio para tornar cada edição das Cavalhadas de Vildemoinhos numa realidade.

E assim a Promessa é honrada ano após ano. É muito mais do que uma tradição, é a devoção de um povo que honra com dedicação e orgulho as promessas e a memória dos seus antepassados.

AS TRICANAS DE VILDEMOINHOS – TRADIÇÃO AO SABOR DA DANÇA

As Tricanas de Vildemoinhos, diz-nos Carla Abibe, começaram com um desafio lançado pelo Sr. Ramiro, eterno Presidente das Cavalhadas, e desde a origem do grupo envolveu um grande trabalho de pesquisa, nas casas das pessoas, mas também ao nível de textos e de publicações e de tudo o que ainda existia de memórias vivas desta tradição Trambela. Foi desta forma que começaram a construir um pequeno grupo de pessoas e que hoje conta já com 53 elementos, com idades que vão dos 2 aos 85 anos.

O grupo existe há cerca de 3 anos e desde então os fins de semana estão sempre ocupados em associações, lares de terceira idade, festas ou romarias, diz-nos com alegria Carla Abibe, Presidente do Grupo Etnográfico “As Tricanas de Vildemoinhos”. “Nós queremos é felicidade e andar!”

Assumem como missão representar sempre as Cavalhadas onde quer que vão, “tirá-las de Vildemoinhos um pouquinho” e transportá-las na alegria e nas vestes onde quer que estejam ou vão.

OS ZÉS PEREIRAS DE VILDEMOINHOS – ORGULHO EM SER TRAMBELO

Os Zés Pereiras foram criados por um grupo de homens de Vildemoinhos no ano de 1979 que se dedicou e empenhou em criar um grupo de bombos que pudesse animar as pessoas da terra e levar alegria a todos. Atualmente, o grupo é composto por crianças desde os 4 anos de idade e os mais velhos têm cerca de 50 anos.

A dedicação é muita, até porque o trabalho é árduo, com ensaios todas as semanas. Sente-se um orgulho imenso em fazer parte deste grupo e no trabalho que, com muito esforço e dedicação, têm vindo desenvolver. É desta forma que levam, entre o bombo e o coração, Vildemoinhos a todo o país.

Assista ao vídeo:



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